As estratégias de governança social, ambiental e corporativa, mais conhecida pela sigla ESG, estão entre as principais demandas das organizações a nível global. No Brasil, um grande esforço nesse sentido vem sendo empreendido pela mineração que apresentou um panorama de diversas iniciativas nesse campo em um painel realizado no dia 30/08/2023, na Expo & Congresso Brasileiro de Mineração (EXPOSIBRAM 2023), em Belém (PA).
Em 2019, após o rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, o IBRAM lançou uma carta compromisso do setor visando a transformação da indústria com práticas mais sustentáveis e seguras. A proposta abrange metas em 12 áreas, incluindo: Segurança Operacional; Barragens e Estruturas de Disposição de Rejeitos; Saúde e Segurança Ocupacional; Mitigação de Impactos Ambientais; Desenvolvimento Local e Futuro dos Territórios; Relacionamento com Comunidades; Comunicação & Reputação; Diversidade & Inclusão; Inovação; Água; Energia; Gestão de resíduos.
O diretor de Mineração e Metais da Consultoria Falconi, Dennis de Almeida Glória, abordou a evolução dessa jornada ESG e o envolvimento do setor na revisão e ampliação das metas dessa agenda. “Estamos vendo vários exemplos de ESG na EXPOSIBRAM, o que demonstra uma efervescência. É um despertar muito forte que vem ocorrendo há alguns anos do que é praticado pelas mineradoras. Percebemos que é um movimento tanto de baixo para cima quanto de cima para baixo, com as lideranças incentivando essas práticas. É um balanço muito positivo”, avaliou o diretor.
Para o vice-presidente técnico executivo da Vale, Rafael Bittar, é necessário reconhecer o impacto que eventos de rompimento de depósitos de rejeitos trazem para o segmento e para as comunidades e como a indústria tem sido capaz de mudar suas estratégias.
“O ESG e o GISTM tem que ser algo incorporado à cultura das empresas. O grande desafio é internalizar isso e fazer com que os executivos, as lideranças e as comunidades entendam e dêem as informações necessárias de forma genuína. Brumadinho com certeza foi um ponto de inflexão nesse sentido”, ressaltou.
Já Othon Maia, diretor de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos da AngloGold Ashanti, considera que as demandas do ESG são um caminho natural para o desenvolvimento da mineração em seu estágio 4.0. Na avaliação dele, há uma interrelação entre diferentes exigências das áreas ambiental e social, que impulsionam o avanço do setor. “A questão da relação com as comunidades e da transição energética, por exemplo, são temas em transformação, não são temas estáticos. A cada ano a gente vê uma mudança de patamar que está sendo acompanhada pelas empresas”, frisou.
Nesse aspecto, alguns painelistas destacaram a relevância de iniciativas que vão ao encontro da promoção da inclusão e diversidade, do desenvolvimento comunitário e da conservação da biodiversidade.
“A nossa perspectiva do relacionamento com as comunidades é de que só funciona quando é conversado, quando é pactuado. A devolutiva das comunidades é diferente porque trabalhamos numa perspectiva de legado”, pontuou Jessica Naime, gerente geral de Relacionamento e Responsabilidade Social Corporativa da MRN, que elencou o apoio a ações nas áreas de arranjos produtivos locais, sistemas agroflorestais e incorporação de inovação a tecnologias sociais entre os projetos da companhia.
“Temos avançado muito no sentido de linkar os planejamentos de mina com processos de reabilitação. Fazemos um plano de lavra que possa ser implementado levando em conta os processos produtivos da bauxita, mas também de reabilitação” informou Hélio Lazarim, diretor de Operações da Alcoa.
“O entorno precisa sentir que o segmento da mineração é diverso e inclusivo. Buscando trazer essas mensagem, isso favorece a mudança dos indicadores do setor no longo prazo. Temos uma oportunidade imensa de continuar trabalhando nesse tema de forma estratégica”, acrescentou Antonio Josino Meirelles, diretor de Relações Governamentais e Sustentabilidade da Mosaic Fertilizantes.
Na avaliação de Alexandre Mello, diretor de Assuntos Associativos e Mudança do Clima do IBRAM, as experiências compartilhadas no painel mostram que a atuação das mineradoras nos campos social e ambiental já estão consolidadas, porém, ainda há desafio de fomentar a agenda ESG no que tange à governança. Para isso, ele destacou a importância do envolvimento das lideranças e dos empreendimentos de pequeno e médio porte no tema.
“Precisamos que as lideranças participem e sensibilizem suas direções para que a gente tenha uma legitimidade maior em um projeto desenvolvido em conjunto com todos vocês”, salientou
Sobre a EXPOSIBRAM – Composta de multiatividades em um único período e local, a EXPOSIBRAM é realizada anualmente e conta com a participação das principais entidades relacionadas ao setor mineral. A feira internacional é a maior vitrine para geração de negócios. Já o congresso debate cenários e revela as tendências do segmento.
Fonte: www.ibram.com.br